sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Instalações e Manejo Zootécnico


01. Propriedades gerais de instalações

    A rã possui sete fases zootecnicamente, estágios de Reprodução, Larvicultura ou Girinagem, Engorda Inicial ou Recria e Engorda Final ou Terminação. Em um ranário há diferentes setores para esses estágios.
    O setor de reprodução é considerado um dos mais importantes em um ranário. Ele é formado pela área de mantança, com baias que separam machos e fêmeas e por pequenas piscinas, que recebem o nome de motéis, onde ocorre o acasalamento desses animais, se for manejado de maneira correta a produção rãs ao longo do ano continua mesmo nos meses mais frios.

Setor de reprodução. CRIBB E AFONSO, 2013, p. 33.

    O modelo semi-seco é o mais usado para as baias de mantença de reprodutores, nas de acasalamento usam as de baias coletivas, com muitas piscinas para cada casal de animais. Esse modelo é chamado de Reprodução Natural, porque não há interferência humana na seleção de acasalamento. O número de machos equivale ao número de motéis e a proporção macho: fêmea é de 1:2 ou 1:3. Em ranários de maior porte é comum acharmos baias de mantença pequenas, existe um controle maior de aspectos bióticos e abióticos relacionados com a fisiologia reprodutiva. Um desses aspectos é a temperatura, o fotoperíodo e a umidade, que devem possuir características como as dos meses de verão e primavera.
    Após o acasalamento os animais devem ter um tratamento hormonal, para que possam ter uma desova próxima as que acontece naturalmente. As taxas de fecundação podem ser consideradas boas quando são entre 70 e 85%, utilizando uma relação macho:fêmea na ordem de 3:1

02. Manejo de mantença

    Nas baias onde os animais se alimentam sempre devem ser limpas, pois é onde ficam restos de ração, urina, fezes e água das piscinas. Os restos de ração que ficam nos locais depositados não devem ser reaproveitados. A água também deve ser renovada, de preferência sem cloro, metais pesados e outros contaminantes químicos, a temperatura deve ser entre 21 a 25°C.
    A alimentação é composta por ração para peixes carnívoros. O volume deve ser fracionado em pelo menos três tratos diários. Os reprodutores fazem um jejum voluntário quando estão habilitado a acasalar, fazem para limpar a região da cloca para que os gametas não carreiem micro-organismos à sua descendência. Por isso é importante observar esses animais, pois quando começar a sobrar ração demais em um tanque, pode ser sinal de animais com aptidão ao acasalamento.
    É comum em baias de engorda visualizar machos de 100 gramas de peso vivo disputando territórios, isso acontece porque quando tem 50g iniciam a produção de espermas, em razão do estímulo dos hormônios masculinos, a prática de disputar a fêmea passa a ser constante. Mas as fêmeas só estarão aptas ao acasalamento por volta dos 180 a 200g. Os produtores devem ser renovados em um intervalo de tempo inferior a quatro anos, pois nessa idade seu desempenho decai comparado ao seus primeiros anos de vida.
    Na manutenção do ambiente os fatores mais importantes de controle são a densidade que não deve ser superior a 30 animais por metro quadrado, estimular sonoramente, tanto machos como fêmeas. É importante marcar os animais para controlar o processo reprodutivo, a marcação mais tradicional é pelo corte dos dedos (artelhos) quando ainda são imagos, mas outras formas como a microchipagem já estão no mercado.

03. Manejo no acasalamento natural

    Deve ser selecionado os animais de aptidão para acasalar com base nas suas características fenotípicas, os dois devem estar saudáveis, não possuir má formação e feridas. Como características que diferenciam o macho da fêmea, os machos possuem o tímpano tamanho duas a três vezes maior que os olhos, papo rugoso, manchas amarelo-esverdeadas na ventral do corpo, existência do calo nupcial, quando estão na fase do acasalamento apresentam canto nupcial que caracteriza a espécie. Os machos devem estar sujeitos ao acasalamento e devem apresentar todas as características acima, pode ser testado o amplexo colocando um ou dois dedos na região mediastínica do animal, se ele estiver pronto responderá o estímulo com o reflexo de amplexo. Quando estão nas baias de motéis, os machos defendem suas poças de acasalamento que só acaba quando atrai uma fêmea.
    As características das fêmeas de dimorfismo são: apresentar ausência do calo nupcial, tímpano do mesmo tamanho que os olhos,sem canto nupcial, papo liso e podem ou não ter manchas amarelo-esverdeadas na ventral do corpo. Elas devem ser dispostas na proporção de duas a três para o número de machos presentes e sua principal característica fenotípica é de ter uma enorme distensão abdominal. Os controles de ambiente de mantenção devem ser os mesmos na área de acasalamento.

04. Instalações e manejo de girinos

    Esse setor pode ser bem diversificado, o girino possui diferentes requisitos ao longo do tempo que vai se desenvolvendo. Começando pela parte de embrionagem, formada por pequenos tanques ou caixas d’água onde são colocadas as desovas do setor de reprodução. Quando o girino eclode, ele passa a ser chamado de G1 ou larva inicial. Eles apresentam brânquias externas nas duas laterais, bolsa vitelínica externa e ausência de um aparato digestório próprio para absorção de alimentos exógenos. Depois de 5 a 7 dias, que variam em função da temperatura e luminosidade. o vitelo inteiro é consumido e as brânquias se interiorizam, então o girino passa a ser chamado de G2, procura frequentemente por alimento no ambiente aquático, o ciclo de manejo de alimentação inicia-se. Sua alimentação é composta por ração e alimento natural, nesse momento ocorre a transferência para tanques de área de crescimento e desenvolvimento larval. Logo depois de alguns dias o G2 começa a apresentar o crescimento de pernas próximos da cauda, quando isso ocorre passamos a chamá-lo de G3 e em termos de manejo nada muda em relação a anterior, mas com a proximidade do fim da metamorfose, separamos dos demais. Começam o desenvolvimento dos braços do animal que rompem a pele já prontos e assim denomina-se a fase G4 ou clímax metamórfico.
    A duração da última fase é de 10 dias em média, e só termina com a absorção completa da cauda pelo animal. Eles ficam separados na área de metamorfose, que possui pequenos tanques semelhantes aos da embrionagem. Procura-se colocar pouca água, já que os animais estão na fase de transição para o meio terrestre.
    O girino pode ser criado em Tanque Natural ou Viveiro, que é um tanque escavado na terra coberto por telhas sombrite para proteger de predadores e cercado para evitar fugas. também existe o Tanque Artificial, uma estrutura feita de concreto, plástico, aço galvanizado, ou qualquer matéria não natural ao girino. Possui diferentes formatos, com entrada de água elevada em relação à saída, com cobertura ou não, instalado em galpão ou não. Nesses ambientes o alimento natural é menor do que nos viveiros naturais, o que faz com que sejam indicadas para as fases G1 e G4, já que os girinos não precisam de alimentos exógenos nesses momentos.

05. Manejo da embrionagem


    A desova deve ser feita em telas que flutuam na superfície dos tanques, chamadas de incubadoras. As telas têm a função de manter a desova onde existe a maior disponibilidade de oxigênio e fazer com que a pressão da coluna d’água não inviabilize o desenvolvimento do embrião fazendo-o morrer. Não é preciso fornecer nenhum alimento ao ovo, porque eles apresentam vitelo (reserva alimentícia) e seu aparato digestivo ainda não está pronto para absorver partículas exógenas. Colocar alimentos pode trazer uma piora na qualidade da água, causando reações deletérias aos animais. A renovação da água deve ser pequena e possui as mesmas especificações da que abastece o setor de reprodução.

06. Manejo do crescimento e desenvolvimento dos girinos:

    Começa após a interiorização das brânquias e absorção do vitelo , no qual o ambiente deve estar bem preparado. Contudo, deve iniciar- se com a renovação da água dos tanques.
A alimentação dos animais são bem rígidas, contendo alimento natural: Perifíton , zooplâncton na água, etc.. E alimento artificial: Ração comercial para peixes em pó.
    A verificação dos aspectos dos animais poderão ser realizadas a cada 15 dias. Os tanques naturais devem ter uma densidade de 3 litros de água por girino , diferente dos tanques artificiais que deverão ter apenas 2 litros por girino. Com uma boa qualidade de água e uma alimentação correta , determinaria um período de 75 dias a fim de que essa fase de desenvolvimento e crescimento passe a representar um peso igual ou maior a 8g. Após desocupar um tanque de girinos deve-se fazer uma higienização seguindo o protocolo.
  • Manejo da Metamorfose Final.
    • Os animais que foram transferidos e selecionados para a área de metamorfose final, serão postos em seus tanques pertencentes. Quando suas caudas estiverem absorvidas por completo, poderão deixar o setor e se alimentar de ração e larvas

07. Instalações e Manejo de Imagos e Rãs:


  • Características Gerais.
    • Por fim, depois de 3 meses, estes animais estarão prontos para serem levados ao setor de engorda inicial. O chamamos de imagos,e agora a sua única fonte de alimentação será a ração. Quando estão acima de 50 gramas, os imagos passarão a ser chamados de rãs, iniciando a fase de reprodução.
  • Instalações e Modelos utilizados.
    • Sistema semi-seco de engorda: O Tanque ilha. Tal sistema possui uma baia no formato de um quadrado, uma área seca nas bordas, uma área alagada posterior e uma área no interior seca. Inúmeras fases de rãs eram criadas e conseguiam ser encontrados reprodutores, desovas e girinos na área alagada.
Surgiram 3 sistemas semi- secos em 1980: Sistema de confinamento, o anfigranja e o ranabox. Os dois primeiros sistemas causaram um impacto positivo na ranicultura mundial.

08. Manejo dos Imagos e Rãs:


    A limpeza da baia e a renovação da água, são extremamente importantes no manejo dos imagos e rãs. Tem de retirar os animais mortos com auxílio de uma pá e uma vassoura para a eliminação de sujeiras. Os alimentos coletados deverão ser levados a um forno crematório.
    A
 alimentação dos animais também são de suma relevância. Nas baias semi - secas podendo ter ração e larvas de moscas domésticas, e nos inundados poderão ter apenas ração.
    O alimento deverá ser calculado por 3% do peso total da biomassa para os imagos e 5% para as rãs acima de 50 gramas. O alimento por dia terá que ser dividido em 4 tratos (8,11,14 e 17 horas). Sempre após a saída de um lote de animais em baias necessita de uma higienização e recomenda -se a troca de desinfetantes para esse procedimento.

09. Observações gerais.


    Todos os setores, sem exceção , precisam ter fichas de controles, com entradas e saídas dos tanques, a quantidade de ração por dia e mortalidade, além das outras observações, caso necessárias. O Desenvolvimento computacional é indispensável para o processamento de dados coletados e afins, facilitando o negócio.


Referências:
CRIBB, André Yves; AFONSO, Andre Muniz; MOSTÉRIO, C. M. F. Manual técnico de ranicultura. Embrapa, Brasília, v. 73, 2013.

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